Mesa posta

Mesa posta
Mesa posta para um almoço com Fragonard

domingo, 31 de janeiro de 2010

La Rochefoucauld

Ando em fase de me apaixonar pelos moralistas do século XVII, tenho estudado alguns deles, e acho que vou enveredar para La Rochefoucauld. Por isso aí vão algumas máximas desse Duque francês que viveu entre os anos 1613 e 1680.


"Raramente conhecemos alguma pessoa de bom senso além daquelas que concordam conosco".

"A ausência apaga as pequenas paixões e fortalece as grandes".

"Um homem sensato pode apaixonar-se como um doido, mas não como um tolo".

"Há pessoas desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus defeitos".

"Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos".

 "O mal que fazemos não suscita tanto a perseguição e o ódio como as nossas boas qualidades".

E finalizo com essa que é para mim uma das melhores...

Boa semana!!!

sábado, 30 de janeiro de 2010

cozinhas dos papas

Ganhei, nesse último dia dos professores que passou, um livro muito legal de um grupo de alunos muito, muito querido, chama-se "Os segredos da cozinha do Vaticano". Tem textos interessantes, receitas legais e ilustrações fantásticas.

Como gostava bastante de João Paulo II quero falar um pouco sobre sua rotina diária em relação aos alimentos.



Quando já havia ser tornado papa, e ficava no Vaticano, sua rotina era acordar às 5 e meia da manhã, durante uma hora rezava sozinho em sua capelam (durante anos meditou uma média de sete horas diárias). Após a oração, celebrava uma missa às sete, na qual compareciam, além das freiras polonesas que o atendiam, um grupo de convidados diferentes a cada dia.



Após a missa, os convidados passavam para a biblioteca e ali ele os abençoava. Alguns deles, os mais próximos, eram convidados para o café da manhã que costumava ter chá, doces, frutas, suco de frutas e pão tenro, bem como manteiga e geléias. Às vezes também tinha algum embutido.

Após o café o papa passava a seus afazeres.

Às duas costumava almoçar e às vezes costumava receber pessoas para vê-lo, ou compartilhar de sua refeição. Diz a autora que os responsáveis pelo protocolo achavam tudo isso um horror, mas Carol gostava e era o papa.

Seu almoço era caseiro, quem cuidava de tudo era a irmã Tobiana. Era composto por três pratos, primeiro, segundo e sobremesa. Tudo isso regado à água e vinho.

Depois o papa se retirava e fazia sua sesta - isso passou a acontecer depois do atentado por recomendação médica.

Às oito e meia jantava um peixe ou um caldo, quando sozinho assistia televisão.

Aí tem um caldo verde, imaginando que eu fosse sua convidada para o jantar.


A autora considera que João Paulo gostava de comer, mas não era um gourmet. Por isso não contratou nenhum chef, as freiras servidoras do Sagrado Coração de Cracóvia cozinharam para ele durante todo o seu pontificado.

Bem diferente dos papas do Renascimento, mas aí, é para um outro momento...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

o que fica mal

No contínuo folhear de mais um número do Anuário das Senhoras, este do ano de 1949, achei um pequeno artigo: "O que fica mal".

1)
- Anuário das Senhoras - Não é correto levar crianças a uma festa de certa elegância. Somente se poderá fazer uma exceção tratando-se de uma ato íntimo entre parentes, ou amizades de muita confiança, e sempre que não sejam em grande número os convidados à cerimônia.
- Sissi - Mon Dieu que desagradável ir à uma festa com crianças correndo como loucas. Acho antes de mais nada uma desumanidade com as crianças, presas a umas roupinhas de pequenos adultos, sapatinhos apertados e imóveis. Melhor arrumar uma boa babá e deixá-las em casa. Assim para os pais solteiros é possível paquerar e os casados namorar (entre eles de preferência)
   

2)
Anuário das Senhoras - Baixar a cabeça para trás quando se vai beber é falta que denota vulgaridade e ausência de hábitos sociais.
Sissi - A comida ou a bebida vai até você, nunca o contrário. E beber até a última gota, nem sozinho no banheiro. Lembre-se: Deus me vê!!!


3)
Anuário das Senhoras - Se um visitante manifesta vontade de retirar-se depois de uma visita demorada, é imprudente insistir em que demore mais um pouco, apresentando novos pretextos para detê-lo.
Sissi - 5 horas da manhã e dizer que ainda é cedo... por favor... não cola. E vale também as mandingas para aqueles que ficam 24h de visita (quase um enduro), sal no fogo, vassoura de ponta-cabeça atrás da porta... Outro dia um amigo me contou que um amigo seu estrangeiro (acho que inglês), levou muito a sério esse costume que temos em dizer que é ainda cedo (às vezes até é verdade), e foi ficando, ficando....

4)
Anuário das Senhoras - O traje mais indicado para a noiva no dia do casamento civil é o costume, se bem que, conforme a estação, possa usar vestido elegante, devendo haver preferência pelos tons sérios.
Sissi - Eu casei de costume (calça comprida e blazer bege), estava bem.

5)
Anuário das Senhoras -Não é de muito bom gosto submeter as visitas a uma espera demorada na ante-sala.
Sissi - Imagine, de pé, esperando... Que desagradável. Imaginem só se a espera longa é numa ante-sala minúscula então. 

6)
Anuário das Senhoras - A pessoa que assiste à uma reunião elegante e tem motivos particulares de mau humor, deve evitar de toda sorte que ele transpareça. É também aconselhável, que não faça confidências explicando o seu aborrecimento, pois ninguém deve amargurar os convidados com assuntos desagradáveis.
Sissi - Ótimo, é fazer cara de paisagem e fechar o bico para fofocas.

7)
Anuário das Senhoras - Procure numa recepção falar o menos possível nas qualidades engraçadas de seus filhos, ou na inteligência dos parentes. É preferível que os outros observem tais qualidades.
Sissi - Isso pode ser difícil, mas é necessário. Fica ridículo ficar falando das gracinhas de nossas crianças e animais.


Esses conselhos não caíram de moda, não acham?

Beijíssimos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

será?

Acabei de ver num site qualquer por aí que os ruivos sentem mais dor.

Um pesquisa realizada por cientistas dos EUA concluiu que pessoas com os cabelos vermelhos sentem mais dor do que as outras, a causa disso é uma mutação no gene MC1R, que dás aos cabelos o tom avermelhado e também aumenta a suscetibilidade à dor.

Eu era ruiva, de nascença, ainda bem que meus cabelos foram escurecendo e agora embranquecendo. kkk

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

fundo da prateleira 3: as mulheres mais elegantes do mundo

Continuo mexendo nas revistas da minha avó. E confesso que são tantas coisas que tenho vontade de colocar aqui. Imagens, propagandas, textos, mas seleciono e vou colocando, "uma rosa a colher a cada manhã".

Nesse anuário de 1939 encontrei um artigo delicioso sobre as mulheres mais elegantes do mundo. Diz o autor que o resultado dessa enquete veio de um plebiscito anual realizado entre os mais famosos costureiros parisienses, do qual participaram várias personalidades da época, e pelo segundo ano consecutivo ganhou a Duquesa de Windsor.

A ordem da colocação é a seguinte:

1) Duquesa de Windsor (Americana)





A Duquesa em 1936.














2) Duquesa de Kent (Princesa Marina da Grécia).



















3) Begum Aga-Kaham (antiga chapeleira parisiense, esposa de um príncipe hindú, multimilionário, cujas jóias lindíssimas lhe fizeram passar do sexto lugar, que ocupava no ano de 1938, para o terceiro). Pelas fotos eu achei que ela merecia o terceiro lugar não pelas jóias, mas porque ela era realmente muito bonita e elegante.




A princesa no aeroporto de Nice em 1952.






 
4) Mrs Reginald Fellowes (Americana, cujas elegantes toilettes esportivas são quase universalmente conhecidas, bem como as jóias originais e valiosas)














 

6) Baronesa Eugéne de Rothchild (Americana, dona de uma famosa coleção de brilhantes)
A baronesa e seus três cães em 1928.

6) Mrs Harrison William (Americana). A revista não falou mais nada sobre ela, mas até o Cole Porter a mencionou numa música. "What do I care if Mrs. Harrison Williams
is the best-dressed woman in town?”
-Cole Porter, “Ridin’ High,” from Red, Hot & Blue (1936)







8) Mrs. Donald Balcon (Americana, amiga da Duquesa d eWindsor, cuja predileção pelos trajes tiroleses tem dado lugar a interessantes criações). Não achei fotos, no entanto, trajes tiroleses, deve ser de lascar!!!

9) Condessa Von Haugunitz-Reventlow (a famosa herdeira americana, Barbara Hutton, hoje mais bonita do que nunca) na época é claro!!! Nada mais, nada menos do que a pobre menina rica! Herdou uma super fortuna e quando morreu tinha apenas 3500 dólares no banco. Em 1939 estava casada com um conde dinamarquês por isso o título, mais tarde casou-se com Cary Grant. Em 1953 casou-se com Porfírio Rubirosa, nessa época amante de Zsa Zsa Gabor. Bárbara chega a dar um avião para Porfírio se distrair e largar Gabor, mas ele utiliza o meio de transporte para chegar mais rápido aos braços da amante. Morreu pobre mas teve uma vida de glamour.



10) Lady Louis Moultbatten (inglesa, considerada a mais elegante dama da Inglaterra)


Também obtiveram classificação a formosa artista Kay Francis e a brasileira sra. Dulce Martinez de Hoz.


Quem seria a mais elegante? Eu votaria na "Pobre menina rica".

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

fundo da prateleira

O mês de janeiro já está acabando, mas ainda vale um conselho do Calendário da Dona de Casa do Anuário das Senhoras de 1944:

Janeiro : mês em que se deve organizar o período de férias. Repassar a roupa a pôr em uso na temporada. Podem preparar-se conservas e doces caseiros aproveitando os produtos da estação. Convém pensar nas reparações da casa: pinturas, goteiras, etc. Os dias costumam ser claros e magníficos para esse gênero de trabalho.

E como na semana que vem já é fevereiro...

Fevereiro: no caso de aproveitar as férias neste mês, trata-se de guardar cuidadosamente das roupas e móveis, deixando tudo perfeitamente limpo, o que representará boa economia de tempo ao regressar. Os colchões devem ficar enrolados, envolvidos em algodão, e, por dentro, colocar várias bolas de naftalina. (Ui detesto cheiro disso). Convém também cobrir os móveis se a luz entra direto nos aposentos. Desta maneira não perderão o lustro nem se cobrirão de poeira. Não esquecer de desligar a luz, gás e água.

Isso é do tempo da minha avó, mas quem sabe não tem alguma coisa que se aproveite? Olha que tem.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Do fundo da prateleira: O que é ser chic?

Do fundo da prateleira resgatei a coleção de revistas da minha avó: Anuário das Senhoras. Uma coleção maravilhosa para quem adora comportamento, moda, história, dicas de cozinha, anúncios dos mais variados, enfim, uma delícia.

Além de fontes preciosas para alguns artigos acadêmicos, a coleção vai também estrear aqui no meu blog. Hoje gostaria de transcrever, com alguns adendos, como fotos e curiosidades que trago graças ao mundo maravilhoso da internet, um artigo não assinado que procura trazer algumas definições sobre o que é ser chic no ano de 1952.

Procurando a definição do que é ser chic, um jornalista parisiense realizou uma enquete no "Intransigente", interrogando várias personalidades. Algumas delas o anônimo artigo traz:

Da modista Madeleine Vionnet: chic é feito de elegância, graça e porte. Esse é o trio da perfeição. Nele há donaire, impertinência, coqueteria, alegria e às vezes, até ironia...

Antes de ir adiante, quem foi Madeleine Vionnet?

Um não tão famosa, mas muito provavelmente tão fantástica figurinista francesa quanto Channel.

Tanto é assim que ganhou uma exposição no Museu de Artes Decorativas de Paris: "Madeleine Vionnet: puriste de la mode", de 24/06/2009 a 31/01/2009. Ainda dá tempo de arrumar as malas e correr à cidade luz para ver a exposição. http://www.lesartsdecoratifs.fr/

Conhecida como a inventora do corte em viés e famosa por seus drapeados, Madeleine Vionnet é reverenciada como um dos grandes nomes da moda do século XX, e uma das responsáveis pela revolução estética que libertou o corpo feminino.

Portanto, suas palavras devem realmente ser levadas em consideração.

Vionnet em seu estúdio na Av. Montaigne, em 1930


Vestido coleção de inverno de 1921


Vestido preto 1937



 Para a princesa Lucien Murat (escritora francesa casada com um importante diplomata) o chic é feito do nada. Tanto depende da maneira de andar como do vestido que se usa. Até mesmo despida a mulher pode ser chic.




 A poetisa francesa Lucie Delarue-Mardrus, define o chic como: a maneira de dissimularmos com arte os defeitos físicos, de fazer desaparecer o ridículo da moda, conseguindo assim, um conjunto agradável à vista e ao espírito. É uma das coisas mais difíceis de se aprender. É um dom natural, um instinto, no qual entram os conhecimentos do pintor, do escultor, do desenhista e até se poderia dizer, do poeta.

O escritor Albert Flament expressa que chic é uma essência rara, um gosto original. É um modo de ser que está sempre na moda, não está em nada e está em tudo.

O pintor fauvista holandês Van Dongen pensa que o chic é um dom como o talento e o gênio; Há mulheres que são chics com um vestido barato, outras, com vestidos caríssimos, dão a impressão de estarem embrulhadas.


Retrato de sua esposa Guus, em 1910. Ela parece ter sido chic.


Para mim se chic é ser polido, adequado, ter bom senso, ter discernimento.

Que desafio...








sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O que é ser um gentleman???

Quem nunca se fez essa pergunta???

Pois então, ontem mesmo falava do nosso querido Marcelino de Carvalho, expert em boas maneiras brasileiro, já falecido. Escritor do clássico "Guia das boas maneiras" e outros títulos deliciosos.

E folheando seu mais que maravilhoso Snobérrimo, achei um capítulo sobre esse conceito. De tudo separo uma pequena quase anedota:

"Um rapaz de excelente família e boas maneiras (somente lhe falta lume) foi convidado para passar o carnaval em uma propriedade em Correias, quase em Teresópolis. Havia um grupo simpático com ele. Certa manhã, o rapaz levantou-se, apanhou a gilette e as toalhas e foi à sala de banho, que ficava no fundo do corredor. Torceu o trinco e deparou com uma senhora, que tomava ducha.



Recuou, fechou a porta incontinenti e voltou ao seu quarto. Mas, no caminho, lembrou-se de que havia ouvido tempos passados o seguinte axioma: a diferença que há entre um homem bem educado e um gentleman é que, se bem educado entra em uma sala de banho e encontra uma senhora nua, fecha a porta e diz: Perdão minha senhora! e o gentleman diz: Perdão cavalheiro!
Lembrou-se do axioma e calculou tudo. À hora do almoço, logo no início do primeiro gole de aperitivo, dirigiu-se à senhora e contou:
- Imagine a senhora que, hoje pela manhã, fui ao banheiro e o trinco não estava fechado por dentro. Quando abri a porta, sabe quem encontrei tomando ducha?
- Não sei, quem?
- Seu marido!
A senhora teve um desses olhares, que somente elas sabem ter e, assim mesmo, em certas ocasiões especialíssimas. O episódio foi, logo depois, contado aos presentes de boca em boca e fez a volta por toda Copacabana!
Meu amigo de vinte anos, nunca seja um gentleman, feito assim de encomenda. Se lhe faltar a nuança - que é de fato um privilégio semidivino - seja simplesmente um homem bem educado, o que já é coisa admirável e rara, nos dias que vão".

Não é ótimo?

pensando em casaca

Pensando em casaca, já que li e escrevi um pouco do Marcelino de Carvalho, sei lá porque, lembrei de um filme de sessão da tarde que eu adorava (e adoro!!!) "Brotinho Indócil". Encontrei uns cartazes muito legais...

Filme de 1958




 Segue uma sinopse em inglês:




The Reluctant Debutante is a vintage example of the sort of elegant, witty "polite" comedy that Hollywood used to pull off so well. Real-life husband and wife Rex Harrison and Kay Kendall are cast as newly wed Jimmy and Sheila Broadbent, two of London's more attractive aristocrats. Jimmy has a daughter, Jane (Sandra Dee), from a previous marriage; though the girl is dead set against it, Jimmy insists that Jane make her society debut in London. Daddy wants his darling daughter to meet the "right" kind of husband, but she's more interested in handsome-but-shady American musician David Parkson (John Saxon). Little does anyone know that David, secretly a titled millionaire, is actually the prize catch of the season. The matchless Kay Kendall manages to walk away with the picture, though she's given a run for her money by fifth-billed Angela Lansbury. The Reluctant Debutante was based on the play by William Douglas Home.

O que fazer quando o homenageado não recebe a homenagem?

Pois então...

Há certas situações que realmente são ímpares...

E é justamente nessas horas que é preciso ter discernimento. E muita, muita caridade.

Vamos imaginar (porque é melhor do que vivenciar) uma situação em que se é convidado para ser homenageado. Um convite oral, feito com insistência, em data não muito apropriada. Mas vamos lá... é possível rejeitar um convite para ser homenageado? Que situação... Lisonjeado, aceita-se, espera-se e o convite por escrito não vem.

Mas o convite foi feito, a cerimônia vai acontecer, existe um documento que comprova que seu nome consta como homenageado. Cede-se e acaba-se por comparecer... Você é o principal homenageado, disso não resta dúvida.

Mas o principal homenageado não recebe a condecoração.

Como disfarçar o descontentamento? O desapontamento?

Do fundo do baú tira-se um sorriso amarelo, do âmago se arranca uma maquiagem mais carregada para disfarçar a cara de tacho.

Conclusão, disfarce, ande, corra...

!!!!!
Walk,  baby.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

casacas

Começando com Cary Grant...


Como usar um traje novo sem parecer snob?

Sobre isso quem fala é Marcelino de Carvalho, autor de diversas obras sobre boas maneiras, dentre as quais, Snobérrimo que eu encontrei por sorte no Sebo Fígaro já há algum tempo.

O livro é maravilhoso. Da década de 60, ele não economiza em cinismo e sarcasmo chic.

Para Marcelino usar um traje novo que parece novo é coisa de novo rico, é ser snob.

Isso me lembrou um diálogo do maravilhoso filme "A Época da Inocência", quando Newland Archer, em lua-de-mel em Paris, conversacom sua recente esposa, May Welland (agora sr.a Archer), sobre as maneiras de se vestir dos europeus. E comentam sobre o quanto eles acham cafona usar um vestido que parece muito novo. May então se pergunta se as mulheres da aristocracia, antes de usarem seus vestidos novos em sociedade o usariam em casa, pois como parecer usada uma roupa nova????

Marcelino dá dicas mais específicas sobre essa situação. Diz ele que um homem moderno que quer se fazer notas não deve nunca aparecer de casaca ou smoking pararecendo recém saído do alfaiate. Ou o empresta ao empregado para "quebrar" o traje ou sai com ele numa noite de chuva, podendo até tomar banho de mar vestido, se houver gente perto para contar a façanha.

Para ele o traje de rigor ou meio rigor saído do forno é próprio de um maître-d'hotel ou de um crooner de orquestra de jazz.

De um gentleman, nunca...

Nunca um homem elegante deve dizer que tem mais do que três ternos e que sua casaca tem menos de 30 anos!!!

Se perguntarem o nome do alfaiate, finge que não sabe, procura no verso do bolso direito interno do paletó e diz molemente: "É do Pool ... John Pool, vocês sabem, daquela ruazinha estreita chamada Savile Row"... Tudo isso deve ser dito com muita lentidão e até com certo tédio, como se Pool fosse um alfaiate de segunda ordem em uma cidadezinha do interior.

Savile Row - London


É claro que ele está sendo super cínico, e que a sua maneira faz uma grande crítica às pessoas presas à etiqueta!!!


kkkkk

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Comportamento no trânsito

Polidez no trânsito, é quase surreal...

Ontem descendo a Brigadeiro Franco, aqui em Curitiba, percebi que as pessoas ainda não entenderam que não podem parar num determinado horário, das 17h às 20h. Então, carros e carros foram guinchados. E são todos os dias...

Ótimo para refletir, pensar sobre a civilidade, o amor ao próximo, etc, etc...

Mas, ao mesmo tempo, pensei:

Todo o policiamento está para multar e guinchar os carros, atravancando ainda mais as vias movimentadas... Em horário de rush, é claro....

E mais, enquanto ando, a pé ou de carro, vejo a cada esquina um agente da Diretran, seja a pé, ou de moto, espalhados pela cidade, aos montes... Mas e o policiamento ostensivo contra as outras violências???

e mais...

E quando há colisão, feridos, e outras coisas... Eles estão lá???


Cortesia??? Eficácia??? Omissão????

E para encerrar outra pergunta: tirar o sapato no cinema pode????

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Amy ou Amy?

Amy Vanderbilt ou Amy Winehouse?

É preciso escolher?

Penso que não... Adoro e fico com as duas!


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Preparar uma festa

Planejamento, essa é a palavra-chave de uma boa festa. Cardápio, lista de convidados, flores, local, horário, data, enfim, várias coisas. Mas Elsa Maxwell nos alerta sobre uma coisa muito interessante, preparar-se também para imprevistos, e mais ainda, coisas que a gente não pode controlar.

Por exemplo, planejar uma festa ao ar livre (no verão em Curitiba), é preciso contar com a instabilidade... Então nesse caso o que fazer?

Preparar um plano alternativo para o serviço dentro de casa (ou do buffet), conservando o senso de humor, pede ajuda a todos. Quem tiver sido previdente fará isso com um sorriso nos lábios, caso contrário, em poucos minutos estará descabelado (a).

Mas festa ao ar livre não é o único risco de preparar uma festa, e para todas as situações é aconselhável começar por uma lista.

Decida o que deve ser feito e anote. Primeiro a lista de convidados, como planejar se não se sabe o número de pessoas?

Em seguida o menu, então a lista de compras (alimentos, bebidas, flores, música).

Quanto ao menu lembrar sempre que a cozinha clássica é sempre a melhor. Não é hora de se experimentar uma prato muito exótico, ainda mais quando se trata de algo maior, com mais convidados.

Se for no restaurante converse com o chef ou maitre antes, se for em casa, planeje segundo a capacidade de sua cozinha e serviço (copos, talheres, toalhas, guardanapos, etc).

Não se deve servir pratos que nunca se provou. Se for a gente mesmo a cozinheira, é melhor experimentar antes.

Se se recebe frequentemente e as mesmas pessoas, evite repetir os pratos. Se se recebe pouco, uma ou duas vezes por ano, não há com o que se preocupar.

É sempre bom também ter mais comida do que bebida, é terrível imaginar que faltar qualquer uma dessas duas coisas.

Para a lista de compras, tome o menu e o número de convidados e acrescente 25% a mais. O que sobrar pode ser congelado. Mas e se faltar??? Descongelar o menu da festa passada??? As bebidas é bom procurar uma loja que forneça em consignação, paga-se o que se consumiu.

Verifique os ítens que devem ser comprados antecipadamente, deixe para a véspera as verduras, frutas e legumes.

Flores, não economize, mas não exagere. Faça com que cheguem perto do meio do dia da festa, para que se possa arrumás-la como quiser. Nada pior do que flores cansadas e murchas, pode parecer fim de velório.

Outro detalhe importante é a iluminação. Cuidado com a luz fria, ela envelhece e mostra tudo o que se quer esconder. A luz direta também é um horror.

Elsa cita um trecho de um livro de Oscar Wilde, O Leque de Lady Windermore (ou Windermer), onde se reconhece o valor de cores quentes para as mulheres. Lady Windermore diz: Nunca confessei mais de vinte e nove anos, ou trinta no máximo. Vinte e nove, quando o abajur é rosa, trinta quando não o é.

No cinema esse livro foi adaptado no filme "A good woman":




Cuidado com o ambiente de penumbra, pode dar um sono geral.

De tudo eu penso que o mais importante (junto com a delicadeza e educação de quem recebe) é que o ambiente esteja limpo, brilhante, nada estragado, nem um canto empoeirado, nem prataria suja, espelhos embaçados.

E por último, se você pensa em receber mas não tem sangue frio para imaginar que alguém pode quebrar o seu rosenthal, manchar sua toalha adamascada, sujar seu persa... Receba em um restaurante.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Descansar a joanete

Está na hora de descansar a joanete? Talvez, mas paro se for para receber Cole Porter.

Certamente não deve ter sido isso que disse Elsa Maxwell ao ser uma anfitriã para esse maravilhoso cantor.

Isso mesmo, ela o recebeu no Salão Império do Waldorf, festa, segundo ela, marcada pela elegância.

Para agradá-lo pesquisou qual seria seu maior desejo em uma recepção. Seria interessante começar por uma pesqusia sobre sua personalidade: primeiro sua música; segundo sua alegria e terceiro, sua elegância.

Que fez ela então:

Em relação à música ela mandou buscar pássaros, quase duzentos, cantando a mais não poder em lindas gaiolas.

Para trazer alegria, a cor rosa. E a elegância? Pediu a todos os convidados que usassem casaca e para os pecadores que não vieram assim reservou sobressalentes à porta para que vestissem antes que entrassem no salão.


Não é preciso todo esse luxo para garantir uma recepção inesquecível, mas é preciso sempre imaginar que se vai receber Cole Porter...

Abaixo uma foto de Elsa Maxwell (centre), with William Rhinelander Stewart (left) and Cole Porter em 1934:



sábado, 9 de janeiro de 2010

Coisas de Laurinha...

Não tem na a ver com a minha sobrinha, mas sim com a da novela. Brega? Pode ser, adoro novela, ou pelo menos adorava essas como a que tinha a Glória Menezes como Laurinha.

Bem, o fato é que hoje quero falar antes um pouco sobre chatices do cotidiano...

Por que os veículos não param na faixa para as pessoas passarem???

Fiquei me perguntando ontem, confesso que bastante irritada. Por que no estacionamento do shopping center precisa-se correr e esquecer de gentilezas? Gentilezas? Acho que é dever cívico, não frescuras de Laurinha andar devagar e civilizadamente parar para alguém atravessar a faixa. Mas ah... O que esperar de pessoas que vão a um bom restaurante e para sentar à mesa não tiram o boné??? Claro que isso é um passo grande para o atropelamento... Exagero? Aposto que não.

Para mim, a civilidade é irmã siamesa da caridade, o que nada mais é do que o respeito ao próximo e a si mesmo. E isso tudo não é proveniente de dinheiro (é claro que ele proporciona bons vestidos, excelente porcelana, viagens exóticas), mas algo que vem da alma. Não é à toa que há toda uma discussão em torno do conceito de polidez.

E é nessa esteira que continuo essa blogagem (?) com ainda nossa velha e boa Elsa Maxwell, quando fala sobre os escravos da etiqueta.

Diz ela assim,
"Pode jogar fora o seu livro de etiqueta, se me quer para guia nos caminhos secretos da arte de bem receber. Acho que uma estrita obediência às regras de etiqueta contidas nesses livros tem condenado mais recepções ao insucesso do que qualquer causa. Frequentemente, convenções ultrapassadas são o motivo por que certas festas se tornam tão terrivelmente aborrecidas, tão insípidas e se tornam tão desagradáveis quanto uma roupa úmida no corpo".

Quem nunca se viu numa festa assim? Ou numa visita onde a pessoa que recebe, ou algum convidado é escravo da etiqueta? Eu já me vi. É patético. E olha, eu era bem jovenzinha e já sabia que a adolescente micro-anfitriã era uma afetada, e sei que permaneceu assim por sua vidinha em diante... Uma espécie de Laurinha, que nada mais era do que uma nova rica empobrecida, meu Deus que horror!!!!!!!!

Continuando Elsa:
"Não me refiro à etiqueta que se limita a prescrever certas regras de boas maneiras. Quem deixar de lado os verdadeiros preceitos da cortesia e do tato tornar-se-á tão bem recebido numa festa quanto alguém portador de tifo". Essa é ótima...

E assim eu fico, pensando nas Laurinhas chatinhas irmãzinhas daqueles de boné que não param nas faixas e correm nos shoppings...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

fazer esse blog

Nunca imaginei que fazer um blog iria me levar a lugares incríveis na internet. Achei esse site sobre dinner party, 1038 mulheres são citadas ao chão e 39 têm seus lugares à uma mesa gigante (um deles está abaixo na postagem sobre Isabella d'Este)
Vale super uma visita:

http://www.brooklynmuseum.org/eascfa/dinner_party/home.php

Isabella d'Este (1474-1539)

Uma característica do Renascimento foi prestar atenção à educação das mulheres. Nesse contexto, o duque de Ferrara, Ercole, teve duas filhas: Beatrice e Isabella.
Isabella casou-se com o marquês de Mântua e tornou-se uma grande colecionadora, criando uma espécie de gabinete de curiosidades, com objetos de arte, jóias, medalhas, objetos de mármore e de âmbar...
Uma curiosidade, ela teve cunhada Lucrécia Bórgia (aquela que todo mundo conhece, mas poucos sabem que ela não tinha a vida tão divertida assim como falam).


Acima está Isabella pintada por Ticiano em 1536, quem quiser ver essa obra pessoalmente terá que ir até Viena.

Isabella, mais tarde duquesa de Mântua, depois foi considerada "prima donna del mondo".
Elsa Maxwell fala dela como uma maravilhosa anfitriã, atraiu para sua corte poetas, pintores, músicos, organizando festas de parar o trânsito.
Dizem que ela colecionava anões (imagine!!!). Ela nunca imaginou servi-los no jantar, como mais tarde os franceses o fizeram.

 Essa foto está no Museum do Brooklyn, com o nome Dinner party: Isabella d'este
http://www.brooklynmuseum.org/eascfa/dinner_party/place_settings/image.php?i=23&image=536&b=bio

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

links para Elsa

http://www.clanmaxwellusa.com/elsa.htm

http://www.hrc.utexas.edu/multimedia/video/2008/wallace/maxwell_elsa_t.html
Esse acima é ótimo, a apologia que ele faz do cigarro é hilário!!! Entrevista fumando. Realmente outra época...

"Alguém disse que a vida é uma festa. A gente chega depois que começou e sai antes que acabe." ( Elsa Maxwell )


Máximo: Elsa e Marilyn no Waldorf Astoria


Elsa e Maria Callas


Pesadelo de jantar

The Mike Wallace Interview
Elsa Maxwell
11/16/57

Elsa Maxwell, syndicated gossip columnist and professional party hostess, talks to Wallace about Elvis Presley, Nikita Kruschev, Jane Mansfield, alcohol, society, immorality, The Duchess of Windsor, Cleveland Amory, and Greta Garbo.
Indiquei ao lado essa entrevista divertidíssima com essa hostess ferina.

Hatshepsut

Para Elsa Mxwell a primeira anfitriã da história foi Eva, quando esta ofereceu uma maçã para Adão. Divertido heim?
Quando Elsa começou a tecer sua tapeçaria do bem receber, como ela mesma disse, uma coisa a intrigou  e ao mesmo tempo a influenciou, Hatshepsut!
Elsa conheceu (?) Hatshepsut quando foi ao Egito e soube de sua existência. Foi ela uma rainha que viveu cerca de 2000 anos a.C., tinha muitos títulos, dos quais como anfitriã se destaca o de Renovadora de Corações.
Numa festa em honra aos que retornavam de sua expedição militar à Terra de Punt, ou Somaililândia exagerou em charme e elegância. A partir do Elsa disse descrevo a seguir:
Cinco grandes galeras movidas a vela e remos voltavam ao Egito, carregadas de coisas preciosas com marfim e ouro, e para recebê-los Hatshepsut preparou uma recepção. Precavida como só ela, planejando com super antecedência, a rainha tinha mandado com a expedição um grupo de artistas para fazer desenhos dos lugares por onde passariam. Por que ela fez isso? Ora, para compor o cenário da festa!!!
Então, criou um cenário de faz-de-conta, mas é claro que não incluiu coisas macabras, tipo mortos e feridos. Só o que foi de bonito na batalha e na viagem. Claro que isso pode acontecer porque eles ganharam.
Para essa festa não precisou contratar músicos e dançarinas, pois naquela época eles eram empregados na Corte, e com cabelos enfeitados com lírios, com harpas e flautas divertiram os convivas.
Para receber a rainha se vestiu com esmero, amplo vestido de cores ricas, seu longo cabelo trançado, e no alto na cabeça, uma massa de unguento suavemente perfumado.
Depois de adentrar o recinto, sentou-se num belo trono entalhado, enquando convidados menos importantes sentavam-se em cadeiras de dobrar.
Depois de servida a ceia os convidados a se divertirem ainda mais, jogando, por exemplo virgens no Nilo para alimentar os crocodilos. Estes também mereciam um banquete!!!
Elsa termina esse quase que episódio egípcio dizendo que as aparências mudam mas o coração humano permanece...
Se isso tudo tem cabimento histórico não é aqui o meu intento. Mas que é inspirador é!!!
Tirando os crocodilos é claro!
Abaixo coloco uma foto do seu templo.

A rainha do internacional set...


A arte de receber de Elsa Maxwell

Hoje coloco um manual de etiqueta muito interessante que comprei por ocasião do meu doutorado.
Ah, claro, eu fiz doutorado em História, na área de comportamentos à mesa.
Eu adoro esse tema, comportamento, e como historiadora, eu o investigo há séculos...
Elsa Maxwell para quem não sabe era uma gordinha muito simpática, de língua afiada era uma colunista social norte-americana.
No prefácio à edição brasileira, Ibrahim Sued a apresenta ao público brasileiro, isso em 1964.
Sued conta que ela era a rainha dos eventos vips. Diz ele que foi ela que apresentou Grace Kelly ao Príncipe Rainier. Conta também que a convidou para vir ao Brasil, mas que a morte a surpreendeu antes da viagem. Que pena!!!!!
Ele lá pelas tantas diz, sem muita polidez, que "apesar de seu físico que nada tinha de atraente", obteve grande êxito social, pois é preciso mais do que beleza e elegância para que todas as portas se abram, é preciso ter charme.
Nisso concordo totalmente com ele, o importante é ter charme.
Por isso mesmo, nos próximos dias vou colocar minhas passagens preferidas desse manual, que é muito, muito bacana.

OSTENTANDO BULICIO; EXIBINDO SUSSURRO; FRACTURANDO PERNAS E COSTELLAS

Já me mudei, comecei ontem um blog novo e agora já migrei para cá. Espero ficar expert nesse negócio.