Mesa posta

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Mesa posta para um almoço com Fragonard

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Bolinhos no ventilador

Já que aqui é um espaço para civilidades, devemos falar também da grande falta dela nas relações em geral.

Outro dia escutei uma história de uma professora que me deixou com os cabelos levantados. Quando indagada de uma das situações que mais a deixaram indignada, irritada, contou que, quando trabalhava numa escola particular de classe média de Curitiba, um dia chegou em classe e encontrou a sala toda cheia de bolinhos (aqueles do tipo Ana Maria) de lanche pelas paredes, carteira, materiais, chão.

Como é uma escola de período integral, os alunos recebem um kit lanche, e nesse dia receberam, entre outras coisas, o tal bolinho.

Nem vamos discutir a gordura hidrogenada do bolinho, ou a falta de ensinamento gourmet em servi-lo, porque isso me deixaria ainda mais preocupada.

Continuando... Como traquinagem, alguns lindinhos e lindinhas, jogaram seus bolinhos no ventilador. Este em dias normais recebe uma capa de proteção contra vandalismos desse tipo, mas nesse dia estava sem, não se sabe o porquê.

Ela reagiu pedindo que se limpasse a sala e depois lançou algumas palavras de conscientização, principalmente pela falta de respeito à comida. Para ela, a maioria nem ligou e faria tudo de novo todos os dias se pudesse.

E então me pus a pensar....

Conheço a escola, sei como é a clientela. E até me admirei em nenhuma mãe vir reclamar que o filho ou a filha tivesse sido convidada a limpar a sala! Pois o que é um ato tão inconsequente para 50 crianças tão meigas que jogam bolinhos no ventilador? A professorinha, empregada da garotada deve limpar a sala e se curvar... Oras, somos clientes não?

Que horror!!!

Isso não me tiraria as palavras, pois sei de outro caso em que duas meninas do primário fizeram gesto feio para a professora e as mães nem acharam tão grave.

Meu Deus!!!


O problema não é a criança. Como já li tantos manuais de civilidade escritos nos últimos 600 anos, estudei história da criança, história da educação, parece a mim que esse tipo de gesto mal-educado não é novidade, a novidade está na falta de limite ao gesto. Na lição depois da coisa feita, em fazer com que a criança que está sendo lapidada aprenda que aquilo não se faz, e que com o tempo pequenas coisas geram grandes consequências...

Até porque, adolescentes de 12 anos jogarem bolinhos no ventilador não é um ato tão ingênuo assim.

Pois é, imaginem só o que Joan Crawford diria disso. Penso eu que no mínimo exclamaria: "Que mundo sem glamour!".

4 comentários:

  1. AHHHHHH! Esse é o contexto da vida escolar...trabalhei em uma escola onde, se aluno sujasse uma carteira, por exemplo, a professora deveria limpá-la na frente do aluno para que aprendesse que limpo é melhor!!! Lembrei da frase ouvida há um tempo: Você se preocupa com um mundo melhor para seu filho? Então, pense em um filho melhor para o mundo!
    A palavra final de quem sonhou com o magistério é "triste"...

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  2. Fico chocada com esse tipo de situação, e principalmente quando escuto que o aluno é um cliente. Ainda bem que na instituição que estou já se definiu que o aluno é aluno em situações acadêmicas e dos serviços de secretaria, esportes, infra-estrutura, aí sim ele é cliente. Mas... o que esperar de alguém que na escola se comporta mal porque lhe falta referencial em casa? Só resta rezar...

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  3. Não muito diferente aconteceu comigo, que então dava aula de Artes numa escola de luxo de minha cidade, e um aluno filmado pela câmera da classe, roubou uma caixa de lápis importados de um colega. Os pais acharam um absurdo serem chamados e tentaram entregar à diretora um cheque bem gordo para a compra de novos lápis para a criança lesada, para não ter que fazer o filho devolver a caixa em questão!

    Alessandra
    http://indianaartes.blogspot.com

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  4. Credo, que horror!!! essa é campeã...

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